Kim Peek, o sapiente especial

Kim Peek, o sapiente especial
O caso de Kim Peek, descrito no capítulo 19 da obra “Psicologia da Aprendizagem e Memória” (Pinto, A.C., 2011), chamou-me particularmente a atenção. Kim sofreu do chamado Síndrome de Savant, uma doença que, ainda hoje, fascina e intriga a ciência.
A temática das memórias excepcionais começou a ser objecto de um estudo mais aprofundado por parte da literatura científica após a publicação de uma monografia por Luria, em 1968, sobre o caso Shereshevski (S.), um jornalista russo que possuía também uma memória superior.
Foi o médico Langdon Down que identificou, através dos estudos que realizou previamente, o Síndrome de Savant, apresentando à Sociedade Médica de Londres, em 1987, a história de dez pacientes que designou, na época como “sábios idiotas” (O Globo, 2006), que desenvolveram tanto capacidades excepcionais quanto graves limitações.
Dotado de uma memória extraordinária, Kim foi considerado o portador da memória mais extensa ao nível do registo e rapidez de acesso à informação até ao momento conhecida. Kim nasceu com uma cabeça 30% maior do que o normal, sendo que, nos primeiros anos de vida, teve dificuldades em segurá-la. Em contraste, o seu cerebelo era mais reduzido, comparativamente com os cerebelos normais, apresentando anomalias, talvez em consequência de ter sofrido de hidrocefalia à nascença, originando, por conseguinte, uma descoordenação no andar. Deu os primeiros passos apenas com quatro anos de idade. Os especialistas observaram no hemisfério esquerdo algumas anomalias estruturais e verificaram a ausência do corpo caloso e das comissuras anterior e posterior, que permitem a comunicação entre o hemisfério esquerdo e o hemisfério direito. Estas características peculiares a nível cerebral, trouxeram, inevitavelmente, consequências para a sua vida.
Os pais de Kim foram aconselhados pelos especialistas a instalá-lo numa instituição especializada (Wikipédia, n.d). Kim viveu isoladamente até aos 38 anos de idade,