Kierkegaard
Estudar o pensamento kierkegaardiano é uma tarefa relevante e desafiadora por se tratar de um filósofo complexo que faz com que o ser humano reflita em torno das problemáticas e indagações levantadas. Ao pesquisar, de relance, os pressupostos teóricos uma das perguntas que soa no ar é a seguinte: Como pensar o existente singular? Como engendrar reflexão e autorreflexão superando um olhar meramente abstrato? A obra de Kierkegaaard, de modo geral, perpassa diversas esferas do saber, contemplando tanto as dimensões filosóficas quanto as esferas teológicas e psicológicas. Nascido em 1813, início do século XIX, Kierkegaard é tido como o precursor do existencialismo. É um crítico à profissionalização da filosofia e parece retomar Sócrates em busca de um fundo (princípio) que explique o mundo ordenado, resgatando a questão da ironia e dialética. Devido ao fato de ser um pensador multifacetado é difícil enquadrá-lo em alguma corrente teórica ou religiosa. Para Kierkegaard, no limiar do século XIX, o existente singular está esquecido porque a modernidade está doente em virtude da objetividade mal aplicada. É preciso, de alguma forma, recuperá-la e, com isso, retirar as ilusões, buscar a verdade que não está dada. Há uma ditadura do conhecimento objetivo: a filosofia está distante de um ser humano existente. Em termos cristãos, está no pecado. O filósofo Hegel é duramente criticado por Kierkegaard que chega a culpá-lo pelas contradições que envolvem a existência. Segundo Kierkegaard a filosofia hegeliana se torna incompetente para pensar a existência por tentar colocá-la dentro de um conceito. Até que ponto o conceito consegue abarcar a existência? Para Hegel só o absoluto é o verdadeiro e, portanto, causa uma polêmica contra a fé porque a razão ocupa todo o espaço, ao passo que Kierkegaard, na obra Temor e Tremor, elucida que a razão tem limites e apresenta o itinerário de Abraão. Ver-se-á que, aos olhos da ética, Abraão é um