Keynes e os novos-keynesianos
Keynes e Novos-keynesianos
Keynes e os Novos-keynesianos
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João Sicsú
Já que a economia keynesiana baseia-se, por definição, nos escritos de John Maynard Keynes, poderse-ia pensar que ler Keynes é uma parte importante do modo keynesiano de fazer teoria. De fato, exatamente o oposto é o verdadeiro.
Gregory Mankiw
Introdução
O pensamento econômico amplamente hegemônico até o final da década de 1980 foi elaborado pela escola novoclássica. As bases desse pensamento eram: (a) os agentes maximizam suas funções utilidade e lucro e formam expectativas racionais; e (b) os mercados se auto-equilibram automaticamente via preços, os quais, portanto, são plenamente flexíveis. Segundo a teoria novo-clássica, os níveis de equilíbrio do produto e do emprego – na ausência de erros expectacionais – só se alteram se houver mudanças de gosto e/ou
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macroeconomia do emprego e da renda: keynes e o keynesianismo
choques tecnológicos. Novos-keynesianos, ao contrário, acreditam que falhas de mercado causam flutuações no produto e desemprego involuntário. A imperfeição de mercado, que os novos-keynesianos advogam, refere-se à rigidez de preços e salários, que impediria o equilíbrio instantâneo dos mercados. Trata-se da negação da hipótese (b), anteriormente citada. Assim, no final da década de 1980, o consenso ortodoxo foi quebrado com o surgimento de uma nova corrente: a escola novo-keynesiana. O objetivo deste capítulo é analisar as hipóteses e principais corolários da economia novokeynesiana a partir das idéias originais de John Maynard Keynes. Para tanto, faz-se minuciosa análise comparativa do significado da hipótese da rigidez de preços e salários na teoria novo-keynesiana e na teoria de Keynes, e a partir desse diagnóstico os resultados e métodos novos-keynesianos são criticados. A conclusão é de que existe uma enorme distância teórica entre Keynes e a nova corrente. Os argumentos apresentados no capítulo não colocam os novoskeynesianos no