Kenosis
Conceituar, explicar a natureza, a extensão e as implicações do auto-esvaziamento não é tarefa fácil, especialmente por estar ligada a dois outros aspectos da Cristologia: a encarnação (o verbo que se fez carne) e a união hipostática (a dupla natureza, divina e humana). Tanto é, que os três assuntos (kenosis, encarnação e união hipostática) têm sido objeto de discussão durante toda a era cristã e, em conjunto, têm servido como base para a formulação de inúmeras teorias.
Langston3 resume e diferencia bem a variedade de teorias que surgiram sobre a pessoa de Cristo nos primeiros séculos do cristianismo: ebionismo (107 d.C.): negava a realidade da sua natureza divina; docetismo (70-170 d. C.): negava a realidade da sua natureza humana; arianismo (325 d.C.): negava a integridade da sua natureza divina; apolinarismo (381 d.C.): negava a integridade da sua natureza humana; nestorianismo (431 d. C.): negava a união verdadeira entre as suas duas naturezas, dividindo Jesus em duas partes, uma humana, outra divina; eutiquianismo (séc. V. d.C.): fundia as Suas duas naturezas, formando uma terceira que não era nem humana, nem divina.
Durante a Reforma, a discussão gravitou em torno da possibilidade de Cristo esvaziar-se a si mesmo de seus atributos divinos, sem com isso afetar a sua Deidade, ou seja, se era possível ou não Cristo abrir mão de seus atributos divinos e mesmo assim continuar sendo Deus.
No século XVI, a disputa focou a omissão dos evangelhos quanto ao uso direto