kASPAR HOUSER
Hauser não tinha noção de verticalidade ou horizontalidade. Não sabia discernir entre sonho e realidade e, assim, sentia-se triste e ferido, pois possuía um vazio existencial. A música, neste sentido, o preenchia e por isso era tão importante para ele, pois esta, além de ser uma linguagem universal, está além da expressão verbal, além das limitações linguísticas. A música é natural ao homem, e, por isso, consegue alcançá-lo no mais íntimo do seu ser e ela tocava Hauser profundamente.
Kaspar Hauser tinha certa dificuldade em aceitar os preceitos da sociedade. Ele fazia questionamentos sobre religião e o papel da mulher e do homem naquele contexto. Além disso, não sabia contar sobre seu passado, sua história, pois não conseguia articular, interpretar ou relacionar acontecimentos vividos. O homem é a única espécie que transmite informação essencial para a vida, por meio de narrativas, de histórias que conta, ao longo de sua existência. Kaspar Hauser, no entanto, foi privado desta condição. Ele não ouviu e, desta forma, não aprendeu a contar sua própria história. Assim, de acordo com o filme, Kaspar Hauser não desenvolveu a linguagem naturalmente, mas culturalmente. Visto que quando apareceu apenas repetia que queria “ser tão bom cavaleiro como meu pai foi”, mas com a convivência com as pessoas foi aprendendo o que lhe ensinavam.
Neste sentido, a história de Kaspar Hauser enquadra-se na teoria do relativismo linguístico, na qual a experiência determina a