Karl Popper
“O Mito do Contexto”
Comentário sobre a dissertação homónima de Karl Popper.
Ivo Carlos Gonçalves Santos
25 de Abril de 2015
Trabalho realizado no âmbito da cadeira de Filosofia da Ciência, leccionada no segundo semestre do primeiro ano de licenciatura em filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, sob a orientação do Dr. João Maria Bernardo Ascenso André.
“O Mito do Contexto”
25 de Abril de 2015
O «Mito do Contexto»
Karl Popper inicia a sua dissertação expondo o problema sobre o qual se debruça.
Afirma que um dos problemas que se enfrentam é a forma como tão abundantemente se o irracionalismo e as doutrinas irracionalistas e que, uma das componentes destas doutrinas é o relativismo. O relativismo conduz então à relatividade da verdade ou seja, o que é verdadeiro é determinado pela formação intelectual – que restringe o contexto dentro do qual somos capazes de pensar – e assim a verdade mudaria de contexto para contexto, o que por consequência levaria à impossibilidade de entendimento entre culturas, gerações e períodos históricos – até na ciência, na física.
Assim, Popper foca-se no que ele denomina “O Mito do Contexto”, um mito que está subjacente ao problema do relativismo.
Para Popper, o “mito do contexto” é uma verdade amplamente aceite que teve início na Alemanha e, a partir daí, entrou nos Estados Unidos da América onde acabou por se infiltrar no meio intelectual e sobre o qual foram construídas escolas filosóficas. O mito de que nos fala Karl Popper é o seguinte:
«A existência de uma discussão racional e produtiva é impossível, a menos que os participantes partilhem um contexto comum de pressupostos básicos ou, pelo menos, tenham acordado em semelhante contexto em vista da discussão.»1
Tal mito, na opinião de Popper, pode parecer um princípio lógico mas, após uma leitura mais atenta, ele afirma que tal não passa de uma sentença falsa e viciada que pode conduzir ainda mais à violência e à