Karl Marx
Na “Ideologia Alemã”, Marx e Engels defendem de maneira repetida que “a consciência não pode ser mais que a existência consciente, e a existência dos homens é seu processo efetivo de vida”.
Assim, “são os homens que ao ampliar sua produção material e suas relações materiais, modificam, junto com sua existência real, seu pensamento e os produtos de seu pensamento. Não é a consciência que determina a vida, senão a vida que determina a consciência”.
Alguns anos mais tarde, o mesmo Marx insistirá, com uma breve variação, nessa idéia, destacando assim a importância deste princípio em sua concepção geral: “o modo de produção da vida material determina o caráter geral dos processos da vida social, política e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o ser, ao contrário: seu ser social determina sua consciência”.
Devemos evitar, desde já, uma compreensão mecanicista deste princípio. Não se trata de uma determinação total qual ocorre com a existência tendo seu correlato direto e imediato na consciência. Não se tratará de que cada elemento da consciência tenha seu equivalente, uma
“causa” particular, na existência. Tal interpretação do princípio seria absolutamente inconseqüente com a concepção totalizadora que o materialismo tem sobre a existência. Assim, mediria a existência e, ademais, se retornaria ao dualismo em que a existência e consciência são de algum modo, mundo à parte, só que agora vinculado por um princípio de causalidade. O modo como se deve entender esta determinação depende da concepção da existência como totalidade completa.
Chegamos ao limiar da teoria marxista da ideologia – a ideologia enquanto inversão da realidade. Considerando-se, preliminarmente, que a ideologia representa uma “falsa consciência”, esta falsa consciência segue sendo uma expressão da existência. Apresenta-se assim uma aparente antítese. Por uma parte, a ideologia deforma a realidade, a