Karl marx
A parte econômica da doutrina marxista começa com a análise da teoria do valor-trabalho. Segundo Hugon (1984, p.214):
Marx aceita as teorias da Escola Clássica na mesma disposição de espírito com que observa as manifestações da economia liberal: considera estas teorias e estes fatos a expressão do sistema capitalista. (....) Assim, pois, a sua teoria do valor-trabalho nada mais é que o prolongamento consciente da teoria do valor-trabalho exposta por Adam Smith e por Ricardo.
Neste mesmo sentido, a principal diferença entre os clássicos e Marx consistia em questões de ordem secundária, como por exemplo, enquanto Ricardo “dizia que o trabalho era fonte de todo valor”, Marx escreveu que o “valor é o trabalho cristalizado”. Smith distinguira trabalho fácil de trabalho difícil, enquanto Marx atribuiu uma nova terminologia, traduzindo em “trabalho simples” e “trabalho qualificado” (Hugon, 1995, p.214).
Sandroni (2005, p.35) diz que o valor de uma mercadoria, na concepção de Marx, “é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la”. O trabalho humano torna-se indispensável na constituição do valor da mercadoria. Sem ele, as coisas não teriam valor. Segundo Sandroni, faz-se necessário entender melhor a expressão “socialmente necessário”, pois ela revela aspectos importantes da contribuição de Marx à teoria do valor-trabalho. Assim Sandroni (2005, p.36):
O ‘Socialmente’ devia ser entendido como o tempo de trabalho utilizado em média pelos vários produtores, e que, portanto, cada mercadoria deveria ser um exemplar médio de sua espécie. (...) Em termos mais concretos eu já sabia que na era da máquina as diferenças individuais dos trabalhadores tendiam a se nivelar por cima.
Essa nivelação por cima significa mais exploração do trabalhador, uma vez que ele terá de acompanhar o ritmo da máquina e dos outros operários, desrespeitando as diferenças individuais. Assim, o valor individual de uma