kant
Por Luciano Silva A Filosofia, como qualquer área do conhecimento, possui objeto próprio de pesquisa, que se manifesta através das mais variadas questões. Então, comecemos com uma indagação que no transcurso da nossa existência, cedo ou tarde, de um modo ou de outro, vemo-nos obrigados a fazer: que sou eu?
Antes, porém, é importante perceber que essa questão nos indica, no mínimo, duas coisas:
1— Que pressupomos existir em nós a capacidade de conhecer;
2— Que nos reconhecemos como algo, embora ainda não identificado, mas que procuramos a exata definição.
Munidos dessas primeiras ferramentas, vejamos quem, na História da Filosofia, tratou desse assunto. Para evitar uma visão unilateral do problema, vamos começar apresentando a posição de dois filósofos distintos: René Descartes e Friedrich Nietzsche.
O precursor da Filosofia Moderna, René Descartes (1596-1650), nas Meditações Metafísicas de 1641, chega à resposta desse problema de forma indireta. Seu objetivo principal era achar algo que fosse, em si, indubitável, ou seja, que não precisasse de nada externo para lhe assegurar a veracidade.
Para alcançar esse intento, o filósofo francês passou por três estágios de investigação. No primeiro, percebeu, a partir dos estudos realizados em La Flèche e em Poitiers, que as maiores autoridades da sua época apoiavam-se nas doutrinas, quase sempre confusas, dos antepassados e que, sem respaldo algum da razão, simplesmente aceitavam a autoridade estabelecida. Descartes, então, para não seguir no erro dos seus mestres e educadores decidiu colocar à prova todas as coisas que se apresentavam ao seu intelecto como verdadeiras. “Tudo que concebi, até presentemente, como o mais verdadeiro e seguro, aprendi dos sentidos ou pelos sentidos”, disse ele. Ora, todos nós, e não só Descartes, verificamos em diversas situações que os nossos sentidos em algum momento já nos enganaram. Então, para evitar esse problema,