kant e mill
Supõe que trabalha num hospital e que um paciente gravemente doente lhe pergunta qual o seu estado de saúde. Sabe que o seu estado de saúde está a deteriorar-se rapidamente e que poucas esperanças de salvação existem. No entanto, com receio de que ao dizer a verdade possa agravar ainda mais a grave situação do paciente decide animá-lo transmitindo-lhe confiança numa recuperação que sabes muito pouco provável. Dizes: «Isso vai, isso vai, tudo vai correr bem!
Força!»
Pensa que talvez seja melhor dizer-lhe a verdade numa outra altura. Trata-se de uma mentira piedosa e benevolente, até porque o doente julga sentir-se melhor.
Após esta conversa com o paciente, vai para o seu gabinete e começa a pensar: «E se ele morre de repente e iludido pelas minhas palavras de estímulo decidiu não fazer já o seu testamento. Não serei responsável por esta má consequência de não ter dito a verdade? Mas se tivesse dito a verdade era muito provável que ele ficasse deprimido ao ponto de perder totalmente a vontade de viver e assim apressaria a sua morte. Não seria responsável pelas más consequências de dizer a verdade?
No final deste ponto saberá o que Kant e Mill julgavam que o médico deveria ter feito.
Para compreender a possível resposta destes dois filósofos temos de expor as suas teorias.
A teoria moral de Kant avalia a moralidade das nossas ações a partir da intenção com que as realizamos. Por sua vez, a teoria moral de Stuart Mill vai avaliar a moralidade das nossas ações avaliando as suas consequências. Denomina-se a teoria moral de Kant, de teoria deontológica, porque é uma doutrina moral que se baseia na noção de dever. Para Kant, na avaliação da moralidade de uma ação aquilo que mais importa é a intenção com que a pessoa age e não as consequências da ação, concretamente, para Kant, a moralidade de uma ação consiste em cumprir o dever por dever. A teoria de Stuart