O valor da força de trabalho Os clássicos, ao usarem a teoria do valor-trabalho, cometiam certas incoerências porque mediam o valor dos bens pela quantidade de trabalho neles incorporada, mas ao chegar ao preço do trabalho, recorriam à oferta e à procura. Isto é, não aplicavam o mesmo princípio aos salários. Marx não aceita esta incoerência. Ele começa fazendo uma distinção entre trabalho e força de trabalho. O trabalhador vende sua força de trabalho, não seu trabalho. Isto é, vende sua aptidão para trabalhar. E o valor da força de trabalho é igual ao valor da cesta de bens que possilibita a sobrevivência do trabalhador na sociedade em que ele opera. Ricardo já percebera que a cesta de produtos que o trabalhador entregava ao capitalista, no fim da jornada de trabalho, era maior que a cesta de bens que recebia como pagamento por esta jornada. Ricardo registra este fato, mas não avança nesta análise. Marx vai partir deste fato e tirar dele todas as conseqüências. O valor da força de trabalho (o tempo necessário à produção da cesta de bens para o sustento do trabalhador) pode cobrir apenas uma parcela da jornada de trabalho. O restante é trabalho que não lhe pertence, sobretrabalho, trabalho excedente ou trabalho não pago que vai para o capitalista. O valor que excede o valor da força de trabalho e que vai para as mãos dos capitalistas é o que Marx denomina mais-valia. A mais-valia é, portanto, aquele valor que o trabalhador cria além do valor de sua força de trabalho. Se considerarmos 8 horas a jornada de trabalho, 4 horas ele trabalhou para si e 4 horas para o capitalista. Bruno: O Capital A grande obra de Marx é O Capital, na qual trata de fazer uma extensa análise da sociedade capitalista. É predominantemente um livro de Economia Política, mas não só. Nesta obra monumental, Marx discorre desde a economia, até a sociedade, cultura, política, filosofia. É uma obra analítica, sintética, crítica, descritiva, científica, filosófica, etc. Uma