kafka
K. foi informado de que se realizaria, no domingo, um “curto inquérito” pois era do interesse geral que tudo se resolvesse rapidamente, embora os interrogatórios devessem ser completos. Estava perdido em pensamentos envolvendo seu inquérito quando foi convidado pelo subgerente do banco a comparecer, no domingo, a um passeio de barco, convite que foi recusado por K, devido ao compromisso inadiável.
A manhã de domingo estava sombria. K. chegou onde se daria mais um interrogatório, a rua ficava no subúrbio, casas pobres, gente barulhenta, mercearia, ambulantes. Com alguma dificuldade encontrou o prédio onde se daria seu “Tribunal de Inquérito”, uma sala repleta de outras pessoas, estranhamente todas tinham presas em seus paletós uma insígnia, talvez de um partido político, pondo ainda mais em dúvida o caráter imparcial daquele “Tribunal “ um ar pesado e fumacento completava o cenário, K foi advertido , pelo Juiz de Instrução, pelo seu atraso seguido dos apupos da plateia aglomerada naquela sala. O Juiz de Instrução empunhava um caderno de notas, aliás o único objeto que se via em cima da mesa. E num tom autoritário afirmou que K era pintor de parede, ao que foi corrigido por K que era gerente de um grande Banco.
O que se seguiu foi um desabafo de K em resposta àquela manhã, onde foi arbitrariamente comunicado de sua prisão, e do tratamento rude e suspeito dos guardas e Inspetor. O desabafo parece ter prejudicado as chances de K, conforme esclareceu o Juiz de Instrução. K. percebendo o caráter suspeito daquele encontro dispensa a continuidade do debate e se retira.
Observações sobre os capítulos I e II
Mesmo se tratando de uma obra de ficção e por esse motivo é compreensível o caráter surreal e absurdo do contexto da prisão de K., pude verificar que a forma com que se deu a comunicação da prisão e sequencia dos fatos envolvidos, e se o caso ocorresse no Brasil, não obedeceria aos princípios estudados por nós, no semestre passado,