Júlio Dinis
A sua formação literária inglesada, os modos de sentir e observar aprendidos na riquíssima experiência da novelística inglesa; a sua aprendizagem do realismo burguês britânico já vindo desde o século XVIII e revigorado pela influência de Balzac, formaram decisivamente o seu gosto, que aparece teorizado num apontamento, Ideias que me ocorrem, postumamente publicado no volume de Inéditos e Esparsos. Aí afirma a sua predilecção pelos "romances lentos, em que o autor nos indentifica bem com as personagens entre quem se passa a acção, antes de a travar", regra que segue escrupulosamente em Uma Família Inglesa e em A Morgadinha dos Canaviais. Além disso, concebe o romance como "um género de literatura essencialmente popular" e educativo. Condena o apagamento das personagens pela exibição opinante do autor, e as "demasias de bem escrever", tendo certamente em vista a novela de Camilo. Da sua concepção do romance decorre também a ausência ou a raridade nas suas obras de "indivíduos caracterizadamente maus": a natureza humana seria sempre boa e educável, em potência. Os leitores deveriam encontrar nos romances "reflexos de si próprios"; segundo um dos seus primeiros e mais lúcidos críticos, Sampaio Bruno, o "sucesso de Júlio Dinis proveio desta alegria do público em se sentir passar de espectador a actor".
As suas faculdades de observador de ambientes, contornos e tipos humanos, fazem de Uma Família Inglesa uma obra-prima. Até então, na literatura