Júlio Dinis

828 palavras 4 páginas
Júlio Dinis é o pseudónimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho, nascido em Porto, 14.11.1838 - 12.09.1871, que cursou Medicina e entrou ainda no corpo docent dessa Faculdade, mal chegado a exercer a sua profissão porque a doença o obrigou a trocar a Porto, sua terra natal, por longas estadias de cura nas cercanias rurais de Ovar e na Madeira. Entre os seus avós maternos contavam-se um inglês e uma irlandesa. Formou-se na atmosfera de um home, e assimilou os costumes, educação e mentalidade da burguesia britânica.

A sua formação literária inglesada, os modos de sentir e observar aprendidos na riquíssima experiência da novelística inglesa; a sua aprendizagem do realismo burguês britânico já vindo desde o século XVIII e revigorado pela influência de Balzac, formaram decisivamente o seu gosto, que aparece teorizado num apontamento, Ideias que me ocorrem, postumamente publicado no volume de Inéditos e Esparsos. Aí afirma a sua predilecção pelos "romances lentos, em que o autor nos indentifica bem com as personagens entre quem se passa a acção, antes de a travar", regra que segue escrupulosamente em Uma Família Inglesa e em A Morgadinha dos Canaviais. Além disso, concebe o romance como "um género de literatura essencialmente popular" e educativo. Condena o apagamento das personagens pela exibição opinante do autor, e as "demasias de bem escrever", tendo certamente em vista a novela de Camilo. Da sua concepção do romance decorre também a ausência ou a raridade nas suas obras de "indivíduos caracterizadamente maus": a natureza humana seria sempre boa e educável, em potência. Os leitores deveriam encontrar nos romances "reflexos de si próprios"; segundo um dos seus primeiros e mais lúcidos críticos, Sampaio Bruno, o "sucesso de Júlio Dinis proveio desta alegria do público em se sentir passar de espectador a actor".

As suas faculdades de observador de ambientes, contornos e tipos humanos, fazem de Uma Família Inglesa uma obra-prima. Até então, na literatura

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