JUVENTUDE E VISUALIDADE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
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50 páginas
JUVENTUDE E VISUALIDADE NO MUNDOCONTEMPORÂNEO
Uma reflexão em torno da imagem nas culturas juvenis
Ricardo Campos
Na sua própria desordem a imagem serve de pólo de agregação às diversas “tribos” que formigam nas megalópoles contemporâneas. (Maffesoli, 1996: 135)
Pensar a juventude em termos visuais
A juventude tem ocupado um lugar relevante na produção académica, nos discursos políticos e nos conteúdos mediáticos ao longo dos últimos 50 anos. As ciências sociais dedicaram esforços à tentativa de compreensão de diversos fenómenos sociais e culturais, directamente associados a esta categoria etária. Diferentes paradigmas e modelos de análise foram aplicados à exploração deste objecto que tanto fascínio tem despertado, pelas ambivalências que transporta, pelas tensões que desperta e pelas questões que levanta, que parecem atingir o fulcro do nosso momento civilizacional.1
A juventude parece reflectir aquilo que de melhor e pior a condição humana encerra. Apesar das ambivalências que carrega, esta parece representar a “idade de ouro”, propagandeada pelo mercado e matéria de desejo de uma sociedade que tenta a todo custo ressuscitar o velho mito da “eterna juventude”. Os modernos circuitos de comunicação de massas e o mercado parecem estar fortemente implicados na forma como esta juventude é socialmente erigida. Diferentes imagens e imaginários veiculados, desde a invenção da cultura teenager no pós-guerra, tendem a fornecer coordenadas para a forma como a sociedade representa os jovens (e estes se representam). Imagens e imaginários globais, que aspiram a transpor fronteiras geográficas, sugerindo práticas e pensamentos por esse mundo fora. A visualidade, os circuitos de comunicação de massa, as tecnologias audiovisuais e digitais são, por isso, elementos fulcrais para a constituição da representação de juventude que conhecemos actualmente.
A visualidade é, indiscutivelmente, uma componente relevante da vida social, sendo que a imagem enquanto