Justiça
Contudo, Sandel, por todo o livro, é incapaz de definir justiça de forma coerente: por um lado, isso dá liberdade ao leitor, que pode escolher pela visão de justiça que lhe pareça mais consistente (afinal, o livro é baseado em um curso introdutório oferecido em Harvard), por outro lado Justiça às vezes parece uma coleção de ensaios distintos, sem elementos comuns e sem um tema que os unifique. E, mesmo assim, o autor claramente demonstra a sua opinião (alinhada à linha comunitarista): enquanto as visões libertárias e o utilitarismo são bastante criticados, o capítulo referente à teoria de justiça de Aristóteles está repleto de argumentos em defesa dessa visão, quase sem nenhum comentário crítico. E, assim, perdido entre o livro-texto introdutório e o ensaio, entre o desejo de imparcialidade e a imposição da própria visão, Justiça é um texto confuso e covarde, que em nenhum momento busca revelar o seu caráter e definir o seu propósito.
Há, de toda forma, trechos muito interessantes, em especial o capítulo dedicado à ação afirmativa.