Judas
Nos dois versículos que seguem Judas cita o livro apócrifo de 1 Enoc, que era muito conhecido durante o primeiro século da era cristã. Circulava originalmente em arameu e possivelmente também em hebreu. Os arqueólogos descobriram fragmentos deste livro escrito em arameu entre os Rolos do Mar Morto. Os eruditos supõem que Judas deve ter consultado uma cópia arameia de 1 Enoc e traduziu ao grego os versículos que necessitava para sua epístola.
Antes de passar a interpretar estes versículos, se faz necessário tecer algumas observações. Em primeiro lugar, ainda que Judas tenha citado um livro apócrifo, não deixa evidências de que o considerava parte das Escrituras. Usou este documento porque nos dois séculos anteriores e posteriores ao nascimento de Cristo 1 Enoc foi um tomo de escritos religiosos bem conhecido e altamente respeitado. Em segundo lugar, um exame cuidadoso nos permite saber que este documento apócrifo foi responsável por influenciar indiretamente a linguajem e o pensamento de muitos dos livros do Novo Testamento (vaja as alusões a 1 Enoc especialmente em Mateus, Lucas, Romanos, Hebreus e Apocalipses). Os escritores destes livros demostram conhecer o conteúdo de 1 Enoc. Finalmente, devemos perguntarmo-nos se a citação de 1 Enoc tem autoridade dentro do contexto bíblico. A resposta é afirmativa. A inspiração divina toma lugar quando o Espírito Santo entra em um autor e o dirige para que o que esteva escrevendo seja Escritura (2 P. 1:21). O Espírito Santo tem a liberdade de inspirar palavras emprestadas e fazer delas parte da Palavra de Deus (ver Atos. 17:28).
II. Enoque, o sétimo depois de Adão
Num vívido contraste com o filho de Caim, a Bíblia descreve em Génesis 5 outro Enoque, da linhagem de Sete, filho de Adão e Eva que ocupou o lugar de Abel, morto por Caim (Gn 4.25). A maio¬ria dos seus descendentes permaneceu fiel ao Senhor e o adorava. Enoque, filho de Jarede e pai de Matusalém, foi um homem notável nessa linhagem piedosa (Gn 5.18;