Judaismo
Meu roommate cozinheiro foi demitido do melhor restaurante aqui da cidade.
Ele veio do Kansas pra Nova Orleans só por esse trabalho. (Quando perguntei o que tinha acontecido, ele fez um bico e disse: "o chef voltou de viagem e não gostou da minha salada de melancia.")
Ele não tinha carteira assinada, plano de saúde, férias, nada disso. Tinha que trazer seus próprios apetrechos: ia para o trabalho com uma malinha de facas e panelas. O pior mesmo era não ter horas fixas. Seu horário básico era de 8h as 15h. Em dias movimentados, acabava tendo que ficar até as 18h, 19h. Em dias fracos, ou fora da temporada, era comum mandarem-no pra casa ao meio-dia, ou avisarem que não precisava vir nos próximos três dias. Não preciso nem dizer que ele só ganhava pelas horas trabalhadas, não? Quatro dias em casa, por exemplo, significava uma perda de quase um quinto da sua renda mensal - que já era pequena.
Pior ainda, ele não podia se arriscar a trabalhar em outro restaurante no turno da noite, pois sabia que se o primeiro precisasse dele até mais tarde e ele avisasse que não podia pois estava indo para seu segundo emprego, a resposta padrão era "então, pode ficar por lá mesmo, está despedido." O melhor restaurante de uma cidade de restaurantes como New Orleans pode se dar ao luxo de presumir que, para um chef em começo de carreira, trabalhar lá é um privilégio.
Pois bem então. Graças ao mal-explicado affair da salada de melancia (não riam), meu roommate foi demitido e estava na varanda, desorientado, pensando se procurava outro emprego em Nova Orleans ou se ia embora, o que fazer, pra onde ir. Eu, meio chocado com suas condições de emprego, que para os níveis daqui são super-normais (regular relação entre empregado e empregador é coisa de comunista, cruz credo!), lhe contei como funcionavam as leis trabalhistas no Brasil.
E ele, um cara inteligente, ouviu tudo com interesse, refletiu e, ali, na varanda de casa, fumando e