João e Maria

Se me permitem, caros leitores, antes de qualquer coisa, quero fazer alguns esclarecimentos sobre o texto que me propus a escrever. Primeiramente, apesar de ter como base um longa-metragem, saibam que não pretendo escrever aqui uma crítica, ou um resumo, ou uma resenha. Também não quero discutir se a produção é boa ou ruim. Acho que, como a literatura, o cinema permite diversas interpretações de seus respectivos espectadores; então, com certeza, existem aqueles que detestaram ou que se decepcionaram com filme, e aqueles que adoraram e se apaixonaram de novo pela história de João de Santo Cristo, mas, dessa vez, em audiovisual. Junto com a ideia anterior, não é minha intenção convencer ninguém sobre a minha opinião em relação à adaptação feita por René Sampaio, que a propósito, pra mim, foi bem feita.

E então, qual é a real motivação desse texto? Bom, sendo um estudante de Letras, enquanto via o filme, me peguei várias vezes encaixando o longa em assuntos que o meu curso contempla. Diante disso, pretendo apenas compartilhar os meus devaneios literários em relação a essa produção cinematográfica, e faço questão de deixar claro: devaneios literários de alguém que não entende nada de cinema. Mas vamos acabar com os esclarecimentos e partir para o que interessa.

A música que virou filme

O filme Faroeste Caboclo, dirigido por René Sampaio, estrelado por Fabrício Boliveira e Ísis Valverde, nos papéis de João de Santo Cristo e Maria Lúcia, foi baseado na música de mesmo nome, composta em 1979, pelo mestre Renato Russo e interpretada pela banda Legião Urbana; Faroeste Caboclo é a segunda maior canção do grupo, contabilizando pouco mais de nove minutos de duração.

A música traz em seu corpo a envolvente história de João de Santo Cristo, um caboclo com uma difícil infância, mas que não “tinha medo” de nada, e que decide um dia deixar “pra trás todo o marasmo da fazenda”. Segue para Brasília e em meio a muitas peripécias, envolvendo roubos e drogas, conhece Maria