João Simões Lopes Neto e análise do conto Duelo de Farrapos
Principal figura do regionalismo rio-grandense, sua pequena obra, composta por três livros de contos e um cancioneiro, apresenta uma dimensão revolucionária, em função dos seguintes fatores: registro predominantemente realista do universo gauchesco; utilização artística da linguagem própria da campanha sul rio-grandense; sentido universal dos contos.
O modelo de conto empregado por Simões Lopes Neto provem de Guy Maupassant, então o escritor mais lido do mundo. É o chamado conto tradicional: curto, nervoso, centrado em uma única ação, conduzindo o leitor a surpresa de um desfecho inesperado e frequentemente trágico. A trama é na verdade, uma preparação para o final.
Filho dos amores de pelotenses Capitão Bonifácio Simões Lopes e Teresa de Freitas Ramos, ele era neto paterno do visconde da Graça, João Simões Lopes, e de sua primeira esposa, Eufrásia Gonçalves Vitorino, e neto materno de Manuel José de Freitas Ramos e de Silvana Claudina da Silva. Nasceu em Pelotas, na estância da Graça, propriedade de seu avô paterno, o visconde da Graça. Era membro duma tradicional família pelotense, e possuía ancestrais portugueses, de origem tanto açoriana como continental1 , tendo ambos os seus antepassados emigrado para o Brasil em busca de melhores condições de vida.
Com treze anos de idade, Simões Lopes Neto foi ao Rio de Janeiro para estudar no famoso Colégio Abílio. Retornando ao Rio Grande do Sul, fixou-se em sua terra natal, Pelotas, uma cidade então rica e próspera pelas mais de cinqüenta charqueadas que formavam a base de sua economia.
Simões Lopes Neto envolveu-se em uma série de iniciativas de negócios que incluíram uma fábrica de vidros e uma destilaria. Porém, os negócios fracassaram. Uma guerra civil no Rio Grande do Sul - a Revolução Federalista - abalou duramente a economia local. Depois disso, construiu uma fábrica de cigarros. A marca dos produtos, fumos e cigarros, recebeu o nome de "Diabo", o que gerou protestos de