João Filgueiras Lima
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João Filgueiras Lima (Lelé) é um dos poucos arquitetos brasileiros que goza de respeito e admiração unânimes em sua categoria. Não é à toa. Sua trajetória justifica todos os louros colhidos em mais de meio século de carreira. Carioca, 75 anos, formado em 1955 pela Faculdade Nacional de Arquitetura, transferiu-se para Brasília quando do início da implantação da nova capital. Seu apuro construtivo, revelado no canteiro de obras, levou Oscar Niemeyer a convidá-lo, em 1962, a integrar o quadro técnico do Centro de Planejamento da UnB. Ali, deu início às experiências com pré-fabricação pesada, aplicada, mais tarde, em prédios públicos e privados. Mas a fase mais rica e significativa de seu trabalho ocorreu a partir dos anos 1980, quando passou a utilizar a pré-fabricação leve em argamassa armada. Esse sistema construtivo, empregado em inúmeros projetos da esfera pública no Rio de Janeiro e em Salvador, exigiu a montagem de uma fábrica na capital baiana, onde o arquiteto está radicado até hoje. São escolas, creches, equipamentos urbanos, sistemas de drenagem e, mais recentemente, com a Rede Sarah, hospitais espalhados em diversas cidades brasileiras. Um dos princípios básicos desses projetos hospitalares é a sustentabilidade - assunto que está na ordem do dia e que acompanha o trabalho de Lelé há mais de 20 anos, como mostra nesta entrevista a Ledy Valporto Leal.O senhor atua há mais de quatro décadas com pré-fabricação e, no entanto, não teve seguidores. Como explicar isso?
Vejo com certa melancolia o fato de não ser acompanhado nessa experiência. Talvez esteja errado. Talvez nesse contexto nem se justifique essa procura da industrialização, uma vez que ela não foi absorvida em período nenhum, resultou inócua. É óbvio que existe uma demanda enorme num país como o nosso em qualquer programa arquitetônico. Isso justificaria a procura por um sistema industrializado, mais condizente com a época em que vivemos.
“Para ter garantia de sobrevida, a