Jovens anticapitalistas
Os jovens anticapitalistas e a ressignificação das lutas coletivas1
Janice Tirelli Ponte de Sousa
Universidade Federal de Santa Catarina
Departamento de Sociologia e Ciência Política
Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política
Resumo
O artigo traz elementos para pensarmos a constituição da cultura política contemporânea a partir de um dos sujeitos políticos que têm dado visibilidade às ações coletivas nesse campo – os jovens contestadores anticapitalistas. O foco sobre a juventude nos remete a uma perspectiva sociológica visando à identificação de elementos explicativos que dêem conta do agir político contemporâneo voltado para o processo de transformação social, especialmente a partir de 1960, auxiliando-nos a identificar os novos significados contidos nas manifestações de protesto e confronto contra a ordem social em tempos de globalização. Palavras chaves: Cultura política; Movimentos Anticapitalistas, Juventude e Política
Contemporânea
É possível sintetizar os significados atuais das lutas políticas de hoje fazendo um contraponto com os anos de 1960, mesmo correndo o risco de reduzir a profundidade das relações que envolviam aqueles jovens que viveram e vivem a sua juventude de modo contestador. Durante aquele período, os estudos focalizando a juventude, hoje clássicos entre nós sociólogos, indicavam o sentido provisório dos seus problemas e suas contestações no conjunto das manifestações sociais, mas, também, o sentido histórico-social que assumiam. Tiveram especial influência a produção teórica de Marcuse (1966; 1997; 1999) e as discussões e militância junto aos estudantes em 1968; Habermas (1968), com seu estudos sobre os estudantes universitários alemães em 1968; Ianni (1968) e Foracchi (1965; 1966), aqui no Brasil, com estudos comprometidos com a análise do significado dos movimentos de juventude nos países periféricos desde então. Os jovens contestadores dos sixties assumiam o comportamento social crítico daquela