José Murilo de Carvalho - Cidadania no Brasil
“O esforço de reconstrução, melhor dito, de construção da democracia no Brasil ganhou ímpeto após o fim da ditadura militar, em 1985... Havia a crença que a democratização das instituições traria rapidamente a felicidade nacional. Pensava-se que o fato de ternos reconquistado o direito de eleger nossos prefeitos, governadores e presidente da República seria a garantia de liberdade, participação, de segurança, de desenvolvimento, de emprego, justiça social.” (Pág. 07) “...a falta de perspectiva de melhoras importantes a curto prazo, inclusive por motivos que têm a ver com a crescente dependência do país em relação à ordem econômica internacional, é fator inquietante, não apenas pelo sofrimento humano que representa de imediato como, a médio prazo, ela possível tentação de gerar que signifiquem retrocesso em conquistas já feitas.” (Pág. 08)
“... a cidadania inclui várias dimensões e que algumas podem estar presentes sem as outras...Tornou-se costume desdobrar a cidadania em direitos civis, políticos e sociais. O cidadão pleno seria aquele que fosse titular dos três direitos.” (Pág. 9)
“...os direitos civis garantem a vida em sociedade, se os direitos políticos garantem a participação no governo da sociedade, os direitos sociais garantem a participação na riqueza coletiva.” (Pág. 10)
“O autor que desenvolveu a distinção entre as várias dimensões da cidadania, T.A. Marshall, sugeriu também que ela, a cidadania, se desenvolveu na Inglaterra com muita lentidão. Primeiro vieram os direitos civis no século XVIII. Depois no século XIX, surgiram os direitos políticos. Finalmente, os direitos sociais foram conquistados no século XX. Segundo ele, não se trata de sequência apenas cronológica: ela é também lógica. Foi com base no exercício dos direitos civis, nas liberdades civis, que os ingleses reivindicaram o direito de votar, de participar do governo do