José Gomes Ferreira

José Gomes Ferreira
José Gomes Ferreira foi um escritor e poeta português que nasceu no Porto a 9 de Junho de 1900.
Em 1904 mudou-se para a capital onde estudou nos liceus de Camões e de Gil Vicente e onde teve o primeiro contacto com a poesia.
Colaborou com Fernando Pessoa, ainda muito jovem, num soneto para a revista “Ressurreição”.
Licencia-se em Direito em 1924, tendo trabalhado posteriormente como cônsul na Noruega.
Paralelamente seguiu uma carreira como compositor musical, chegando a ter a sua obra "Suite Rústica".
Regressa a Portugal em 1930 e dedica-se ao jornalismo. Também traduziu filmes sob o pseudónimo de Álvaro Gomes.
Ganhou em 1961 o Grande Prémio da Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores, com “Poesia III”.
No ano em que foi homenageado pela Sociedade Portuguesa de Autores (1983), foi submetido a uma delicada intervenção cirúrgica. Veio a falecer dois anos depois, a 8 de Fevereiro de 1985, vítima de uma doença prolongada.

Algumas obras:
Poesia:
"Lírios do Monte"
"Marchas, Danças e Canções"
"Poesia III"
"Viver sempre também cansa!"
Ficção:
"O Mundo Desabitado"
"Os segredos de Lisboa"
"Caprichos Teatrais"
Entre muitas outras obras…

"Viver sempre também cansa!”
O sol é sempre o mesmo e o céu azul ora é azul, nitidamente azul, ora é cinza, negro, quase verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.
O Mundo não se modifica.
As árvores dão flores, folhas, frutos e pássaros como máquinas verdes.
As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha, não há flores que voem, a lua não tem olhos e ninguém vai pintar olhos à lua.
Tudo é igual, mecânico e exato.
Ainda por cima os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem sem imaginação.
(...)

Neste estrato do poema “Viver para sempre” há uma dialética constante entre o que é vulgar e invulgar, realidade e irrealidade, assim como demonstra a sua revolta pela monotonia da vida.