José de Alencar e o Romantismo Brasileiro
Tendo seu início na Europa, o Romantismo como movimento artístico, político e filosófico surgiu no século XVIII como oposição às ideias iluministas e racionalistas. Tinha como principal objetivo criar uma identidade nacional aos estados europeus. Esse movimento se refletiu também na literatura europeia, representado por grandes nomes como Goethe, Victor Hugo, Almeida Garrett e Alexandre Herculano.
No Brasil, o reflexo desse movimento foi um pouco diferente. Enquanto os estados europeus buscavam o nacionalismo, para nós esse era um termo ainda utópico. É o que propõe Antonio Candido em seu livro O Romantismo no Brasil. Essa obra, que apesar de redigida em 1989, reúne pensamentos do crítico acerca do que foi realmente o Romantismo no Brasil, contradizendo antigas teorias. No livro, Candido faz um balanço do que foi o reflexo da literatura romântica europeia na situação brasileira. O grande diferencial seria entender que na época, nossa literatura era produzida pela elite e para a elite, aquela ainda enraizada nos valores coloniais, que se preocupava em equiparar-se à elite europeia. Por conta desse fator, Antonio Candido vê o Romantismo como um período de contradição.
Ele concebe a estética romântica no Brasil como a estética da contradição. Ao mesmo tempo em que autores como Gonçalves de Magalhães, Pereira da Silva e Manuel de Araújo Porto Alegre estavam preocupados em criar o sentimento de identidade nacional, eles ainda estavam ligados aos interesses da colônia porque tinham em sua maioria cargos públicos e por isso uma posição passiva. Entre 1850 e 1860 começam os primeiros efetivos inauguradores do Romantismo e da literatura propriamente brasileira. Com a poesia de Gonçalves Dias, o nacionalismo brasileiro começa a tomar forma, abordando o índio como homem parte do que compõe a sociedade. Antonio Candido reconhece ainda que seus versos são de alto nível poético, o que é quebrado por Álvares de Azevedo e