JOSÉ DE ALENCAR NÃO MORREU
Autor: Carlos Alberto de Mello
1. INTRODUÇÃO
Na fase colonial brasileira, a transplantação de modelos econômicos e culturais oriundos da metrópole fazia parte do processo histórico. O primeiro fato que alterou essa relação de dependência foi a transferência da sede do governo imperial para o Brasil, em 1808. Foi a presença transitória da Corte portuguesa no Rio de Janeiro que introduziu uma série de transformações na vida social, econômica e política da colônia: a abertura dos portos, a elevação do Brasil à categoria de reino unido a Portugal e Algarves, as reformas no ensino, a criação de escolas de nível superior, a presença de missões culturais estrangeiras, a instalação de biblioteca pública, museus, teatros, arquivos, e o início da atividade editorial e da imprensa periódica. Essas mudanças foram, segundo José Aderaldo Castelo (1969), uma "oferta que se reverteu em presente de grego para os próprios portugueses" (p.38). Isto porque o corolário dessa política foi o "Grito do Ipiranga", em 1822.
Proclamada a independência política, inicia-se então a luta pela independência literária. Uma luta que traz à cena a génese e o germe do romantismo no Brasil, com características históricas muito bem assinaladas por António Cândido (1997), no seu livro Formação da Literatura Brasileira:
A Independência importa de maneira decisiva no desenvolvimento da ideia romântica, para a qual contribuiu pelo menos com três elementos que se podem considerar como redefinição de posições análogas do Arcadismo: (a) desejo de exprimir uma nova ordem de sentimentos, agora reputados de primeiro plano, como o orgulho patriótico, extensão do antigo nativismo; (b) desejo de criar uma literatura independente, diversa, não apenas uma literatura, de vez que, aparecendo o Classicismo como manifestação do passado colonial, o nacionalismo literário e a busca de modelos novos, nem clássicos nem portugueses, davam um sentimento de libertação relativamente à