JOS MACHADO PAIS O DEBUTE

José Machado Pais não vê a juventude com um todo coeso e homogéneo, não podendo ser considerada com uma “fase da vida”, como o grupo de indivíduos que antecede a entrada no mundo adulto, como uma simples faixa etária.

A transição de jovem para adulto não é simples, e esta vivência juvenil também não tende a sê-lo. Os jovens não experienciam as mesmas coisas no mesmo tempo nem da mesma forma. Esta trajetória vai variar em torno de trajetos quotidianos, da imagem que cada um atribui a si próprio e com a classe e origem social diretamente ligadas claro á família.
O autor chega á conclusão que existe uma tendência sociológica que observa a juventude em dois pontos distintos: como conjunto de indivíduos pertencentes a uma dada fase da vida, um todo homogéneo (teoria geracional), ou como um conjunto social diversificado através da origem de classe (teoria classista). Ele considera devemos deixar-nos levar pelas duas perspetivas não ficando preso a nenhuma delas individualmente, desta forma conseguimos dar conta dos “paradoxos da juventude”. José Machado Pais propõe libertar-se ”de ter de encaixar factos empíricos em teorias pré-estabelecidas” (p.52).

O autor usa as técnicas da sociologia, mas recorre a métodos antropológicos, como a etnografia e a histórias de vida, observando as práticas quotidianas de vários jovens. Os modos de vida expressam certos significados e valores não só institucionais, mas também simbólicos, individuais. Desta forma, José Machado Pais consegue tornar o conceito de juventude realmente dinâmico, e apto para dar conta da complexidade da vivência juvenil.

Da teorização sociológica passa à observação empírica e às etnografias de vários jovens, como os da Coutada do Conde (zona de elite e de classe alta), de Rio Cinza (classe média), e, por fim, os jovens da Dorninha (classe baixa e proletária). Em cada grupo analisou diferentes práticas. Na Coutada do Conde observou os comportamentos em festas rituais, como por exemplo, o baile de debutantes.