Jornalismo literário - narrativas
O narrador fala sobre suas indagações sobre a melhor maneira de contar a história, ou seja, da forma mais imparcial possível. No final, acaba falando que o melhor é que ele esteja morto, pois assim estaria menos comprometido. O narrador morto, na verdade, será vitima da história que tem para contar. Depois de sair de casa e tirar uma foto, Michel amplia a foto e a olha várias vezes tentando descobrir o que de fato ocorria na cena que capturou.
Como isso não é possível ele descobre que se de um lado o mundo da natureza é móvel e livre, por outro lado o mundo da máquina é rígido e aprisionador. Se por um lado a imagem é imóvel, tem elementos que a conferem mobilidade. Assim ele continua a buscar diversas possibilidades para a mesma cena. A Contax, enquanto instrumento de captação da realidade, acaba registrando uma imagem que apesar de verossímil, pode mostrar-se mentirosa.
A dificuldade de achar um ponto de vista adequado acaba como o elemento estrutural do conto. Pois o narrador acaba tendo que de desdobrar em dois e misturar focos narrativos. Essa duplicidade é parte de seu desejo de ver melhor, de sua busca da verdade, e isto leva há uma multiplicação simbólica da foto até a ampliação e mesmo depois dela.
Para o escritor Cortázar, a problematização do narrar está relacionada ao fotografar. Os fotógrafos definem sua atividade como um paradoxo, o de recortar um fragmento da realidade fixando-lhe limites, mas que mesmo assim ele atue como uma explosão que abra para uma realidade mais ampla, que transcenda a imagem capitada pela câmera. Assim também fazem os contistas, buscando o conhecimento verdadeiro, a melhor perspectiva para abordar o real. Essa busca implica na indagação do que é