jornal
Alegre, 2003; pp. 11-23
CIBERCULTURA.
Alguns pontos para compreender a nossa época.
André Lemos1
Introdução.
Neste ensaio discutiremos as relações entre as novas tecnologias de informação e comunicação e a cultura contemporânea dentro da área de estudos que vem sendo chamada de cibercultura. Busca-se aqui vislumbrar quinze pontos essenciais da cibercultura, apresentando-os como um conjunto de problemas que podem ajudar a compreender a nossa época.
Trata-se assim de compreender a emergência de cibercidades (cidade e espaço de fluxo), as novas práticas comunicacionais no ciberespaço (e-mail, listas, weblogs, jornalismo online), as novas relações sociais eletrônicas e as práticas comunicacionais pessoais (weblogs, webcams, chats, icq, listas), as questões artísticas (arte eletrônica) e políticas (cibercidadania, ciberativismo, hackers), as transformações culturais e éticas (softwares livres, "napsterização", privacidade) e a nova configuração comunicacional (liberação do pólo da emissão) da cibercultura. O intuito é passar uma visão panorâmica, ensaística da cibercultura contemporânea, mostrando a reconfiguração geral pela qual passa a sociedade com o advento das tecnologias informacionais de comunicação.
Cibercultura Definição.
Um primeiro problema que se apresenta é em relação à própria definição de
Cibercultura. O termo está recheado de sentidos mas podemos compreender a cibercultura como a forma sociocultural que emerge da relação simbiótica entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias de base micro-eletrônica que surgiram com a convergência das telecomunicações com a informática na década de 70.
Antes de ser uma cultura pilotada (de kubernetes, cibernética) pela tecnologia, tratase, ao meu ver, de uma relação que se estabelece pela emergência de novas formas sociais que surgiram a partir da década de sessenta (a sociabilidade pós-moderna) e das novas