Jorge Elias
EQUIUBRIO
A Estrutura Oculta de um Quadrado
Recorte um disco de cartão escuro e coloque-o sobre um quadrado branco na posição indicada pela Figura 1.
A localização do disco poderia ser determinada e descrita por meio de medidas. Um metro poderia indicar em centímetros as distâncias existentes entre o disco e as bordas do quadrado. Poder-se-ia assim concluir que o disco se encontra fora de centro.
Este resultado não seria uma surpresa. Não é preciso medir — percebemos de relance que o disco está fora de centro. Como ocorre este "ato de ver"? Será que nos comportamos como um instrumento de medida, observando primeiro o espaço entre o disco e a borda esquerda e em seguida transportando a imagem apreendida dessa distância para o outro lado, para compararmos as duas distâncias?
Provavelmente não. Não seria o melhor procedimento.
Observando a Figura 1 como um todo, percebemos, provavelmente, a posição assimétrica do disco como uma propriedade visual do padrão. Não se vê disco e quadrado separadamente. Sua relação espacial dentro do todo faz parte do que se vê. Tais observações relacionais constituem um aspecto indispensável da expe-
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Arte e percepção visual
riência comum em muitas áreas sensoriais. "Minha mão direita é maior que a esquerda." "Este mastro de bandeira não está reto." Aquele piano está desafinado."
"Este chocolate é mais doce que o que tomamos antes."
Percebem-se imediatamente os objetos com determinado tamanho, isto é, algo situado entre um grão de sal e uma montanha. Na escala de valores de claridade, o quadrado branco em questão encontra-se alto, o disco escuro, baixo.
Da mesma forma, vê-se localizado cada objeto. O livro que você está lendo aparece num certo lugar, definido pela sala ao redor e os objetos que nela se encontram
- entre eles notoriamente você mesmo. O quadrado da Figura 1 encontra-se em um certo lugar na página do livro, e o disco está descentralizado no quadrado.
Não se percebe nenhum objeto