Jorge de lima
Inventivo, engenhoso, disposto a experimentalismos e extremamente sensível ao drama humano, Jorge de Lima foi um dos maiores tradutores da alma brasileira. Capaz de dar profundidade ao pueril e doçura ao trágico, sua poesia envolve e contamina o leitor num clima de busca essencial.
O poeta Jorge de Lima começou pelas formas clássicas, adotou as idéias modernistas e, por fim, constituiu-se num dos mais completos poetas da língua portuguesa, com uma obra de crítica social, sentido religioso e clara pulsão metafísica, com matizes surrealistas. Sua poesia mereceu ensaios entusiasmados de grandes homens das letras, como Mário Faustino, Otto Maria Carpeaux, Gilberto Freyre e Roger Bastide, tornou-se indispensável em antologias e é objeto de estudo nas universidades. Alguns de seus versos vivem na memória e na alma de milhões de brasileiros: “Ora, se deu que chegou /(isso já faz muito tempo) /no bangüê dum meu avô / uma negra bonitinha, /chamada negra Fulô. // Essa negra Fulô!/ Essa negra Fulô!” (In: Poemas).
Nascido na região onde existira o Quilombo de Palmares, Jorge de Lima viveu os primeiros anos da infância entre a casa grande do engenho de seu pai e o sobrado da família, na pequena cidade de União. O autor dizia que fora aos 8 anos, ao visitar a Serra da Barriga, onde Ganga