Jorge de lima
Jorge Mateus de Lima nasceu em União dos Palmares, AL, 1895 e morreu no Rio de Janeiro em 1953. No país em que p. Antônio Vieira elaborou inúmeros de seus memoráveis ‘Sermões’, já disseram que esse poeta do século XX foi o maior escritor barroco nacional; outro crítico o denominou de o maior poeta brasileiro de todos os tempos; um ficcionista de renome disse ter testemunhado uma confidência segundo a qual o autor do ‘Livro de Sonetos ganharia, em breve, o Prêmio Nobel, se não tivesse morrido. Jorge de Lima suscita paixões inflamadas em quem quer que se aproxime de sua obra com a atenção necessária. Tendo ficado famoso logo após o Modernismo com poemas que seguiam o programa do movimento, ele logo se distinguiu por criar uma obra de grandeza incomparável. ‘Invenção de Orfeu’, sua obra monumental, é um poema cosmogônico de estrutura sinfônica, no qual, através de um emaranhado de poemas a uns só tempo independentes e, de certa forma, interligados, o demiurgo flagra o momento preciso em que o caos originário quer se manifestar em qualquer ordem possível. Se Platão ensinou que poesia é a passagem do não ser ao ser, de tal forma que o originário continue se manifestando na superfície, Jorge de Lima é o poeta por excelência, o poeta dos poetas, o poeta dos pensadores.
Obras
XIV Alexandrinos (1914)
O Mundo do Menino Impossível (1925)
Poemas (1927)
Essa Negra Fulô (1928)
Novos Poemas (1929)
O Anjo (1934)
Calunga (1935)
Tempo e Eternidade (1935)
A Túnica Inconsútil (1938)
A Anunciação e Encontro em Mira-Celi (1940)
Livro de Sonetos (1949)
Invenção de Orfeu (1952)
Poesia Completa (1998)
Essa negra fulo
Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no banguê dum meu avô uma negra bonitinha, chamada negra Fulô.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
— Vai forrar a minha cama pentear os meus cabelos, vem ajudar a tirar a minha roupa, Fulô!