jorge amado
A Folha localizou no Rio os familiares de Matilde Garcia Rosa, a primeira mulher do escritor, morta em 1986, e descobriu uma relíquia: um livro de versos escrito à mão por Amado em homenagem àquela que se tornaria mãe de sua primeira filha, Lila. Com Zélia, o escritor teria outros dois filhos, João Jorge e Paloma.
Mais do que o valor estritamente literário dos poemas de juventude, porém, a descoberta do livro tem a virtude de lançar alguma luz sobre um período desconhecido da vida do escritor: os 11 anos -entre 1933 e 1944- em que esteve casado com Matilde.
Nos pertences da primeira mulher de Amado também aparecem fotos da filha do casal, nascida em 1935 e que recebeu o nome da mãe do escritor, Eulália. Lila, como era chamada, morreu aos 15 anos -segundo a família, vítima de leucemia.
Jorge e Matilde se conheceram bem jovens. Ele tinha 21 anos, ela, 17. "Minha avó contava que eles tiveram de fugir para se casar, porque meu avô era contra", conta o sobrinho de Matilde, Osiris Garcia Rosa, que herdou a casa na Urca, zona sul do Rio, onde morou o casal, e, junto com ela, alguns documentos, fotos e o livro.
Osiris nasceu na casa de quatro quartos onde moravam Jorge, Matilde, os pais e a irmã dela, Ivone, com o marido (pais de Osiris). Em uma das poucas menções que faz à primeira mulher em suas memórias, no livro "Navegação de Cabotagem", Jorge Amado conta que a casa da Urca também serviu algumas vezes de refúgio para os amigos comunistas.
Sobre a filha, diz apenas: "Mal a conheci, não houve tempo e ocasião". Quando Lila nasceu, os avós dela construíram para a família Amado uma casinha nos fundos da propriedade.
Muita coisa se perdeu das lembranças de Matilde, mas foi preservado o manuscrito intitulado "Cancioneiro", com