Jogos e brincadeiras
Introdução Em recente pesquisa feita pela Cartoon Network em três capitais brasileiras com mil crianças entre seis e onze anos de idade constatamos que o objeto de desejo infantil por excelência não é mais o brinquedo: 46% das crianças entrevistadas apontaram a roupa como presente favorito, enquanto 33% indicaram os brinquedos. Nem mesmo se somássemos as crianças que escolheram os videogames (10%) a estas, os resultados bateriam a preferência por roupas. Sua atividade preferida é ver televisão, seguida, aí sim, por brincar (Veiga, 2001, p.70-72). A brincadeira estará morrendo? Por que estas crianças não priorizam o brincar? O que os educadores tem a ver com isto? Tais questões exigem reflexão sobre o lugar do brincar na infância contemporânea e o papel desempenhado pelos adultos - pais, professores, especialistas, etc. -, abrindo caminho a outras perguntas: o que é o brincar? Qual a importância do brincar? Em que condições é possível brincar? Em que condições a atividade lúdica é inviabilizada? Para onde vai o brincar quando a infância acaba? Para respondê-las é preciso, primeiro, deixar claro de que infância estamos falando. Na era contemporânea insinua-se e começa a impor-se, a partir dos estudos culturais, a admissão da infância como criação da sociedade sujeita a mudar sempre que surgem transformações sociais mais amplas (Steinberg e Kincheloe, 2001, p.14). Infância como criação é um conceito insurgente à naturalização da infância e provém do desafio à veracidade da doutrina do "sempre assim" e às abstrações no campo das Ciências Humanas e Sociais, ao mesmo tempo em que radicaliza a importância do mundo social na conformação do sujeito. Sob o signo deste tempo, não é aceitável referir-se à criança e ao ser humano, senão às crianças e aos seres humanos; pluralizar é uma forma de mencionar os múltiplos sujeitos e suas especificidades, ainda que, com isso, não seja possível evitar, de todo, a generalização e, com ela, as abstrações. A