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Já na comédia TEMPOS MODERNOS, a relação com o Direito é talvez menos óbvia, pois este em geral só aparece implicitamente, como moldura das situações sociais representadas. O personagem principal é o Carlitos de sempre, agora atrapalhado com a sociedade de massas. O vagabundo tenta se enquadrar no trabalho industrial e no mundo do consumo, mas estes não têm lugar para ele. Levado pelas circunstâncias, sem decidir fazê-lo, está sempre contrariando as regras. Por isso, acaba preso ou em fuga. No filme, a mais forte alegoria da sociedade industrial é o maquinário da indústria, com o qual Carlitos evidentemente não consegue se entender.
Aí está a mais clara relação entre as criações de Kafka e de Chaplin: o emprego da máquina como símbolo do poder e da opressão, como instrumento moderno de negação da liberdade humana. Em NA COLÔNIA PENAL, a máquina é uma versão automática do poder político, enquanto em TEMPOS MODERNOS é do poder econômico que se trata. São perturbadoras as semelhanças entre a máquina de execução de Kafka e a máquina alimentadora testada no operário Carlitos na 1a. parte do filme. Em ambas, a vítima, ignorante, inerte, passiva, é simples objeto da ação, conduzida mecanicamente em nome de valores transcendentes: a ordem na colônia e a produtividade na fábrica.
Nas duas tramas, a condição jurídica do homem está em jogo. Na kafkiana, o que se nega a ele são os direitos civis clássicos à legalidade, ao devido processo, à defesa, à sanção justa, à vida. A autoridade é