Jeca e seu filho preto - análise filosófica

285 palavras 2 páginas
Zé e Dona Bomba são os pais de um casal de filhos homens, Laurindo e Antenor. Mas Antenor é negro e seus pais são brancos, fato que o casal não entende mas aceita como "coisa de Deus". Quando Antenor começa a namorar com sua amiga de infância Laura, as coisas se complicam
O fazendeiro quer impedir o casamento entre sua filha e o filho preto do Jeca. O problema do racismo está claramente vinculado no filme à uma relação entre classes sociais. Muitos diálogos ligam as dificuldades do preto na sociedade à pobreza, à falta de acesso à cultura. O problema é real e não tão mal colocado, mas já distorcido, pelo fato do racismo ser atribuído a um vilão - o mau fazendeiro - sendo que os outros personagens brancos e ricos não se opõem ao casamento. O racismo aparece assim como um problema que não diz respeito ao conjunto da sociedade, mas apenas a um mau-caráter. E para evitar qualquer dúvida, bota-se uma frase sonora na boca do promotor público: "Preconceito racial é uma torpeza". E um primeiro esvaziamento da temática.
O segundo esvaziamento ocorre na revelação final, quando se fica sabendo que os namorados, a moça branca e o rapaz preto, são de fato semi-irmãos, resultado de uma "infidelidade" conjugal do fazendeiro. Conclusão: o fazendeiro queria impedir o casamento, não por racismo, mas devido a uma situação de consangüinidade dos noivos. Portanto, Jeca e seu filho preto acaba girando em torno de um problema que, em última instância, não existiu. Fica assim o dito pelo não dito.

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