Jazz
Sobre seu gosto por este estilo musical, Cortázar afirmou que "sua importância se encontra na maneira de sair de si mesma, permitindo todos os estilos, oferecendo todas as possibilidades, cada um buscando sua via. A partir desse ponto de vista está provada a riqueza infinita do jazz; a riqueza da criação espontânea e total. Cada músico cria sua obra, ou seja, não existe um intermediário, não existe a mediação de um intérprete, a improvisação é uma criação que não está submetida a um discurso lógico e pré estabelecido, mas sim que nasce das profundidades..."
A chave neste comentário se encontra no fato de que o jazz, de acordo com Cortázar, permite, a seus intérpretes, liberar-se dos academicismos e entregar-se por completo, através da improvisação, da busca das vozes mais profundas e interiores, criando construções que não estão regidas por discursos lógicos pré estabelecidos. Pode dizer se este último não é aplicável também à própria obra narrativa do autor de Historia de Cronopios y de Famas. Podemos dizer, por acaso, que a narrativa de Cortázar se caracteriza pela criação espontânea? E dizer, também, que a improvisação e a crítica às tradições literárias sul americanas são outras das particularidades mais relevantes do escritor de Rayuela?
Em vários fragmentos de Rayuela, sem dúvida a obra principal de Cortázar, podem ser encontrados inúmeras referencias ao jazz: Jelly Roll toca o piano e marca o compasso com os sapatos ou, então, os personagens que escutam discos, dialogando entre si com músicas e conversas, tudo isso entre fumaças e jazz. No entanto, não funciona somente como tópico de uma conversa, mas sim como algo que se vai