jav
Entre a multiplicidade de versões que ecoam em seus ouvidos, a arbitrariedade da interferência e a necessidade de produzir algo convincente para salvar Javé, Antônio Biá entrega um livro em branco para a população. Cobrado e acuado por todos no meio da rua, Biá sai aos berros andando de costas. O gesto remete a uma outra passagem do filme em que se diz que essa atitude demonstraria coragem, seria um recuo e não uma fuga. Mas a mesma imagem pode ir além disso, quando se pensa no "anjo da história" de Walter Benjamim (veja quadro ao lado).
Biá, assim como o anjo, caminha olhando o passado a ser "destruído" irremediavelmente pelo futuro, pelo progresso, pela hidrelétrica. E esta, "responsável" pela transformação do sertão em mar, afogará a memória, a cultura local e os antepassados.
Narradores no plural
Vale destacar as dimensões e os infinitos níveis das interferências que os narradores podem ter na História. Todo o caso de Javé - a história que não é escrita por Biá - é narrado por