Jaspers e a autonomia da Psicopatologia
Jaspers propõe analisar as manifestações psíquicas tendo como base elementos da Fenomenologia. com isso, torna a psicopatologia uma ciência autônoma, infuenciando a psicologia e a psiquiatria
Atribui-se a Karl Jaspers (1883-1969) a seguinte afirmação: “Os psiquiatras devem aprender a pensar”. Essa sentença revela de início o caráter crítico deste pensador, que irá fundar a Psicopatologia como disciplina fenomenológica. De formação científica na origem, Karl Jaspers chegou à Filosofia passando antes pela medicina, principalmente pela Psiquiatria. Nesse percurso, ampliou consideravelmente o seu campo de conhecimento tornando-se um humanista que busca as suas raízes nas fontes clássicas da cultura.
Jaspers se colocou contra a excessiva objetividade característica da Psiquiatria francesa, em contraposição à Psiquiatria alemã que se preocupava majoritariamente com articulações teóricas. Sua preocupação consistia em pensar a relação entre a Ciência e a Filosofia: “não só explicar a racionalidade científica pela reflexão filosófica, como, sobretudo, compreender, mediante tal esforço, o caráter específico do processo filosófico, com seu paradoxo fundamental: pensa-se em termos objetivo mesmo que não haja objeto.” A questão seria: “Como é que esse processo poderia provar objetivamente sua legitimidade?” Essa foi, também, uma das críticas que Edmundo Husserl (1859-1938) fez ao método empírico da Ciência tradicional para em seguida propor o método fenomenológico como o caminho “às coisas mesmas”, possibilitando uma fundamentação para as ciências. Isso porque, como será visto adiante, o fenomenólogo deve se libertar de teorias, pressuposições ou hipóteses explicativas. A apreensão do fenômeno deve ocorrer em primeira mão. Na pesquisa empírica, ao menos na maioria dos casos, quem vive a experiência não é o pesquisador, mas sim o sujeito da pesquisa.
É certo que Jaspers valorizava a Ciência por seu caráter pragmático. Para ele, a