jardineiro fiel
Fernando Meirelles é um consagrado diretor brasileiro, que tem no currículo filmes como Cidade de Deus e O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias. Mas, vivendo no Brasil, ele provavelmente não tinha visto a extensão da miséria e da desigualdade com que deparou ao filmar em uma favela africana, em Nairobi, no Quênia. Uma multidão desnutrida vaga em meio a centenas de barracos. A água que há no chão, e que os animais bebem, é esverdeada. É um local que um universo indiferente preferiu esquecer - um panorama árido, crestado, desolador.
Tessa, porém, não é indiferente. Se envolve com a população e com suas histórias, e se joga de cabeça em uma aventura humanitária que custará sua vida - a indústria farmacêutica pode ser poderosa, tentacular e impiedosa, e pode também, como no filme, ser ajudada e protegida em seus negócios por governos, como o britânico - o mesmo que hoje vende gás lacrimejante para que a Líbia reprima manifestações contra sua ditadura. Seu marido desconhece sua atividade - ela escolhe protegê-lo. Depois de sua morte, no entanto, ele mesmo se torna um ativista, ou mais que isso, um espião, sempre em fuga, atrás de um relatório incriminador que sua mulher havia produzido, com a ajuda de ativistas de quatro cantos, com os quais trocava informações pela Internet. O documento poria a perder milhões de dólares de investimento com os testes, e bilhões que viriam depois como lucro uma vez aprovada a droga. "Drogas descartáveis para