Jardim Natura
A dimensão cósmica da natureza latino-americana - Em tempos ancestrais o homem estava imerso na natureza. Tentava compreendê-la e até mesmo dominá-la para assegurar a sua sobrevivência. Sua presença, por milênios, não alterou a vastidão das paisagens naturais. A dinâmica urbana do século 20, com o surgimento das megalópoles, gerou um universo artificial que abriga a vida cotidiana de bilhões de habitantes. As contradições econômicas e sociais criadas pela civilização contemporânea, e a dimensão territorial descontrolada das cidades, entraram em contradição com os ciclos da natureza, desencadeando uma crise ambiental sem precedentes que anuncia um futuro sombrio: a poluição da atmosfera e das águas, a desertificação dos territórios férteis e as mudanças climáticas geradas pelo aquecimento global que provocam catástrofes naturais, freqüentes nas últimas décadas.
O reconhecimento desta crise ambiental, acompanhada pela recessão da economia mundial, modificou a problemática atual da arquitetura e do urbanismo, menos voltados para os esquemas abstratos de planejamento e desenho, e mais sensíveis às condicionantes ecológicas. Como afirmam Inaki Abalos e Juan Herreros (Abalos & Herreros), hoje se deve estimular o relacionamento entre materiais sintéticos, altamente sofisticados, e materiais naturais, criando modelos tecnológicos híbridos. É uma integração que também abrange as escalas da cidade e do contexto natural, em um novo diálogo para resgatar o equilíbrio perdido e criando, segundo Edgar Morin, um ecosistema sócio-urbano. Já o arquiteto Luis Barragán afirmava que a arquitetura da paisagem é uma arquitetura sem cobertura, assim como Zaha Hadid assume a importância do solo como elemento gerador do projeto, tanto na sua facilidade de organização em camadas - os estratos geológicos - quanto na possibilidade de esculpi-lo pela inserção da arquitetura. Finalmente, o italiano Massimiliano Fuksas considera que, além da