Janela da Alma
O filme janela da alma nos faz parar para refletir sobre a forma que encaramos o mundo, sobre como enxergamos as coisas do cotidiano. Em diversos momentos dele, tenta-se recriar as disfunções do olho para nos aproximarmos daqueles que estão sendo entrevistados. São imagens fora de foco, sombras e paisagens que de tão distorcidas não é possível contemplá-las. Pensamos de imediato, que se é com os olhos que percebemos o que está a nossa volta, que praticamos esse ato de “ver”, onde se encaixariam aqueles que têm algum tipo de deficiência que prejudique ou que tire totalmente sua visão. Qual então o verdadeiro valor dessa imagem empírica?
A partir de diversos depoimentos, observamos que cada parte ali tem suas próprias opiniões sobre o assunto, opiniões essas que são ouvidas pelo mundo. Os olhos chegam a ser detalhe em muitas destas. A capacidade de enxergar o mundo vai além do que podemos enxergar com os olhos, abrange a experiência de vida, as emoções e sensibilidade de cada um. Ou ainda, a imaginação, como Hermeto Pascoal coloca.
Diz ainda, o poeta Manoel de Barros, que a “transfiguração é a coisa mais importante para o artista”. Ele explica que o modo como enxerga o mundo não tem que influenciar seu trabalho. Sendo um poeta que reinventa a língua, ele julga que o entrevistador gostaria de ouvir dele algo diferenciado sobre sua maneira de ver. Considerando o depoimento do vereador de Belo Horizonte, Arnaldo Godoy, que é cego, e diz que substituiu sua visão por outras formas de perceber o mundo através de seus outros sentidos, mais aguçados que de costume, percebemos que também é necessário usar as referências para levar a vida normalmente ou para produção de conhecimento.
Para José Saramago, ganhador de prêmio Nobel de Literatura, vivemos num mundo audiovisual, que a todo instante somos bombardeados de informações, e que a imagem que vemos das coisas não são a realidade, estão ali para representar a realidade. Como em