James joyce e o elemento tempo na narrativa
James Joyce e o elemento Tempo na narrativa. Neste breve ensaio sobre os dois primeiros capítulos de Um retrato do artista quando jovem de James Joyce, traduzido por Bernardina da Silveira, apresentarei minhas impressões sobre a leitura do romance a partir de trechos que me intrigaram e me colocaram na história e falarei principalmente sobre o elemento Tempo da narrativa: como esse elemento está ligado às falas do narrador e à idade psicológica do personagem principal, Stephen Dedalus.
“Era uma vez e uma vez muito boa mesmo uma vaquinha-mu que vinha andando pela estrada encontrou um garotinho engrachadinho chamado bebê tico-taco.”(cap. I)
Desde a primeira página do livro fiquei, por diversas vezes, intrigada com o narrador e me perguntava: quem é esse narrador? É uma terceira pessoa ou é o próprio personagem, Stephen Dedalus, quem conta a história? Na medida em que avançava na leitura ia percebendo que o narrador usava uma maneira muito curiosa para se expressar e percebi isso logo no primeiro parágrafo com a narração da vaquinha-Mu. Fui observando que o tom da narrativa, a fluência e até mesmo a escolha das palavras parecia estar diretamente relacionada à idade psicológica de Stephen. Em muitos momentos da narração no início do primeiro capítulo a voz do narrador soa como a fala
de uma criança; O narrador se aproxima tanto do personagem que traz ao leitor a impressão de que ambos sejam um só como no trecho:
“Não era bonito falar assim. Sua mãe lhe tinha dito para não falar no colégio com meninos mal-educados. Que mãe bonita!(...) Ela era uma mãe bonita mas não era tão bonita quando chorava...”
Parece que não é um narrador qualquer que está ali, é alguém que conhece Stephen muito bem e se funde a ele em seus