IV - Políbio - Bobbio

Capítulo IV – Políbio Políbio, diferentemente de Platão e Aristóteles, não era um filósofo, mas sim um historiador. No meio de suas variadas obras históricas, encontra-se no livro VI da História de Políbio uma exceção, pois é onde Políbio disserta acerca da constituição romana e das constituições em geral. Em relação às constituições em geral, Políbio tece três teses : Na primeira defende a existência de seis formas de governo (3 boas e 3 más); Na segunda dita que estas formas se sucedem umas às outras , constituindo um ciclo; e na terceira apresenta uma sétima forma de constituição, a melhor de todas, a do governo misto, exemplificada pela constituição romana. A ordem das constituições por nível de aceitação, segundo Políbio, é : Monarquia, Aristrocracia, Democracia, oclocracia, oligarquia e tirania. Aristóteles chama o governo de muitos na forma boa de Politia, e na forma má de democracia, divergindo da classificação polibiana :
“Políbio chama "democracia" a terceira forma, que Aristóteles tinha denominado de "politia"; quer dizer emprega o termo "democracia" com conotação positiva, ao contrário de Platão e de Aristóteles.” (pág. 66) Se na obra de Políbio o termo democracia tem conotação positiva, há a necessidade de um novo nome para designar a forma ruim de democracia : Oclocracia.

“"oclocracia", de oclos, que significa multidão, massa, plebe, e corresponde bem ao nosso "governo de massa" ou "das massas", quando o termo "massa" (que é bivalente) é empregado como significado pejorativo que lhe é dado pelos escritores reacionários (em expressões como "a rebelião das massas", "sociedade de massa", etc.).” (pág. 67) A visão de Políbio para distinguir as constituições boas das más diverge da visão de Aristóteles, mas reproduz a de platão :
“Os critérios velados são dois: de um lado, a contraposição entre o governo baseado na força e o governo fundamentado no consenso; de outro, a contraposição análoga— mas não idêntica -