Irmãos campana
Por Gabriella de Lucca Fotos/Divulgação
er uma peça dos irmãos Campana em casa é sinônimo de exclusividade. Ao valorizar o trabalho manual, a dupla cria objetos e mobiliário com características únicas e em pequena escala. A profissão é mais um elo entre os dois, tão opostos. Fernando é mais alto que Humberto, extrovertido e falante. O irmão é seu avesso, introspectivo e objetivo. Já é possível ver nele algumas marcas da idade e o cabelo grisalho não o deixa esconder seus 56 anos, ante 48 do caçula Fernando. Em comum eles guardam a sintonia de ideias e ideais. Conhecidos internacionalmente, os Campana cresceram em Brotas, no interior de São Paulo. O estúdio, que leva o sobrenome da dupla, surgiu há 22 anos. Humberto, formado em Direito, criava peças, objetos e mobiliário. Fernando, arquiteto, decidiu trabalhar com o irmão. A primeira exposição aconteceu em 1989 e foi batizada de Des-Confortáveis, mas não conseguiu repercussão. Depois de passarem tempos difíceis, veio a recompensa. Em 1998 participaram de uma mostra no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa), com curadoria de Paola Antonelli, que lançou-os para o mundo. Mais do que talento, eles tiveram coragem. Enquanto o design internacional caminhava para a industrialização, Fernando e Humberto seguiram em outra vertente. Resgataram o trabalho artesanal, teceram novas superfícies e valorizaram materiais muitas vezes considerados lixo.
T
44
getulio maio 2010
p Er f Il
maio 2010 getulio
45
“discutimos e vão surgindo objetos, mas muitas vezes o que era para nascer cadeira nasce luminária ou cresce mesa... Isso é que é bacana”, diz fernando
Do interior de São Paulo para o mundo “A profissão chegou até a gente”, conta Humberto. Filhos de um engenheiro agrônomo e de uma professora, os Campana passaram a infância e adolescência no