Irmandades negras
O presente trabalho tem por objetivo investigar o surgimento das irmandades negras na Europa e no Brasil e tentar explicar a importância dessas instituições para os escravos e seus descendentes no período colonial.
Como o Brasil colonial era uma sociedade escravocrata, o negro era totalmente desprovido de cidadania, visto que, no período em questão, era lhe negada a condição de ser humano.
Estudiosos como César Caio Boschi, Julio Braga, e mais um grupo de historiadores apontam o surgimento destas irmandades de homens pretos como mais uma estratégia da elite colonial para converter os escravos e transformá-los em trabalhadores “dóceis e convencidos de que trazem consigo a maldição de Cã.
No entanto, neste trabalho, adotaremos opiniões como a do historiador João José Reis que ao falar destas confrarias usa a expressão “via mão de dupla”, relativizando o “poder” que a Igreja exercia sobre estas almas.
Torna-se evidente, que, se por um lado a Igreja tentava controlar o surgimento de movimentos sublevatórios por parte dos escravos, estes também se aproveitavam da estrutura institucional oferecida por estas associações, como poderemos observar. Neste estudo pretendemos analisar a o papel destas irmandades de homens pretos na vida dos escravos e ex-escravos no período colonial. Objetivamos analisar estas relações como um jogo de obrigações e concessões mútuas, apesar de hierarquizadas. Principalmente, a atuação de escravos e ex-escravos como agentes históricos, buscando sua afirmação como sujeitos históricos nas interações do cotidiano colonial.
Considerando os escravos e libertos como agentes que transformaram seu tempo e ajudaram a constituir nossa cultura, como homens e mulheres que resistiram de todas as formas e a todo custo, inclusive adaptando-se ao