Irlanda - A Grande Fome da Batata
A Grande Fome da Batata
A desgraça foi total
Na segunda metade da década de 1840, as terras da ilha da Irlanda, então possessão da Grã-Bretanha, foram acometidas por um terrível fungo que atacou as plantações de tubérculos. Tratou-se da tristemente célebre praga da batata, que provocou um dos maiores surtos de fome da Europa moderna, matando milhares de irlandeses e obrigando outro tanto deles a emigrar para o além-mar. Poucas vezes na história a vida de um povo inteiro foi tão afetada por uma desgraça como aquela.
A Praga da Batata
Toda a população rural tornou-se vítima da potato blight, a terrível praga da batata, que, ano após ano, desde 1845, devorava os tubérculos, deixando o povo desesperado. As cidades encheram-se de esfaimados e de tifosos. Os armazéns eram tomados de assalto por amotinados esquálidos e coléricos enquanto proliferavam em todos os lugares das cidades maiores uma insuficiente distribuição de sopas para amparar os sobreviventes. O fungo mortífero liquidara com quase toda a plantação de batata, matando, segundo estimativas modestas, quase um milhão de irlandeses pela inanição e pela doença.
O Império do Mercado
Um quadro paradoxal, sob o ponto de vista humano, então se delineou. Enquanto três milhões de irlandeses, num total de oito milhões, reduziam-se a uma vida de animais, disputando cada grão a tapas e socos, os grandes plantadores continuavam a mandar sacos de cereais para fora. A todos os que sofreram com aquilo, as leis do mercado nada mais pareciam do que maldade e sadismo. Não satisfeitos com isso, as autoridades impediram que carregamentos de comida vindos de outras partes fossem entregues à população a preços subsidiados porque, para elas, tais favores aviltariam os preços do mercado cerealístico. Um prato barato que se estendesse a um faminto era entendido como um desaforo aos lucros. Parece que tal fanatismo doutrinário dos liberais escondeu um acerto de contas contra um povo que o secretário inglês na