Iracema

Diretor, roteirista e montador, Carlos Coimbra é talvez um dos mais famosos cineastas brasileiros na década de 70. É na longa-metragem “Iracema, a virgem dos lábios de mel” produzida em 1977, que vamos focar o nosso objeto de estudo.
Este filme como acabo de referir acima alcançou muito êxito no cinema brasileiro não só por abarcar a estética indianista, uma estética esperada por tanto espetadores que agora aparecia na tela mas também por fazer renascer um êxito literário brasileiro apaixonante agora não em papel, mas sim em cores e com um elenco que encarnou de corpo e alma todos os personagens da obra alencariana.
Em termos cinematográficos, podemos considerar que a pelicula de Coimbra segue o fio condutor da história da virgem dos lábios de mel, contando a história tal como é uma vez que passa para o ecrã todas as cores, sensações e descrições da natureza que reinam na obra de Alencar. Esta predominância é muito importante porque desemboca na construção de cenários perfeitos, envolvidos na floresta luxuriante brasileira que terminam num último cenário, o céu forrado de veludo azul claro do Ceará, o espaço que acolhe calorosamente a lenda de Iracema.
É precisamente este céu anil que vai encetar o filme, numa primeira estância em que se assiste à partida do colono Martim, interpretado por Tony Correia onde após a partida a obra vai começar num entorno mais escuro e numa floresta cerrada onde assistimos com grande entusiasmo ao primeiro encontro de Iracema e Martim. Este primeiro encontro entre os dois amantes é marcado pelo medo, pelo diálogo e pela insegurança onde aparece a primeira visualização de Helena Ramos, uma deusa natural selada no seu mundo, fisicamente igual a Iracema, desde as descrições físicas bem como todo o seu enredo na ação.
Os cenários que se seguem não são tão pintados pela luz do sol, vemos a aldeia dos Tabajaras numa tonalidade mais sombria e é nos dada a conhecer toda a comunidade indígena ao redor da cabana de Araquém. É nestas