Iracema
Alencar
Tempo
O encontro da natureza e da civilização projeta-se na duplicidade da marcação temporal. Há em Iracema um tempo poético, marcado pelos ritmos da natureza e pela percepção sensorial de sua passagem (as estações, a lua, o sol, a brisa), e que predomina no corpo da narrativa, e um tempo histórico, cronológico. O tempo histórico situa-se nos primeiros anos do século XVII, quando Portugal ainda estava sob o domínio espanhol (União Ibérica), e por forças da união das coroas ibéricas, a dinastia castelhana ou filipina reinava em Portugal e em suas colônias ultramarinas. A ação inicia-se entre 1603 e o começo de 1604, e prolonga-se até 1611. O episódio amoroso entre
Martim e Iracema, do encontro à morte da protagonista, dá-se em 1604 e ocupa quase todo o romance, do capítulo II ao XXXII.
O espaço
A valorização da cor local, do típico, do exótico inscreve-se na intenção nacionalista de embelezar e engrandecer a terra natal por meio de metáforas e comparações que ampliam as imagens de um Nordeste paradisíaco, primitivo, que nada tem a ver com a aspereza do sertão do semiárido. É o
Nordeste da praias e das serras (Ibiapaba), dos rios (Parnaíba e Jaguaribe) e dos campos de Ipu.
O foco narrativo
A narrativa é em terceira pessoa e o narrador é onisciente e onipresente. Personagens
MARTIM – baseado em figura histórica real
(Martim Soares Moreno, o primeiro colonizador português do Ceará).
Representa o português que leva até os índios uma cultura civilizada e a fé cristã.
IRACEMA – “virgem dos lábios de mel”, jovem índia tabajara que guarda o segredo da jurema, uma planta alucinógena.
POTI – guerreiro pitiguara, amigo de
Martim.
ARAQUÉM – pai de Iracema e pajé da tribo tabajara. CAUBI – valoroso guerreiro tabajara, irmão de
Iracema.
IRAPUÃ – chefe dos tabajaras e inimigo de
Martim.
ANDIRA – velho guerreiro, irmão de
Araquém.
CAJAÚNA – chefe dos potiguaras.
MARANGUAB – avô de Poti, conhecido como “o grande sabedor da guerra”.