Iracema

Curso: Licenciatura Letras Português
Aluno (a): Paulo Almeida da Câmara
Disciplina: Teoria da Literatura
Tutor (a): Rafael Ferreira Monteiro
Aula 02

A história da índia Iracema que se apaixona por um europeu, Martim Soares Moreno, personagem histórico real, mistura aspectos mitológicos da cultura indígena com a colonização do Brasil. Publicado em 1865, “Iracema”, do escritor cearense José de Alencar, é um romance escrito em prosa poética, o que dá a obra uma dimensão mítica, de lenda, mas sempre apoiada em um argumento histórico. Apesar do descaso de alguns críticos, que insistiam em ignorá-lo, ele alcançou a singular distinção de ter sido realmente lido por seus contemporâneos, mesmo nos mais remotos do país. Alencar não é só patriarca da literatura brasileira, como é também o iniciador de nosso romance moderno, sem o qual Machado de Assis não teria chegado a perfeição que ludibriou, o grande crítico a quem notável código de valores ainda hoje válidos, o que estabeleceu a teoria do caráter brasileiro de nossa literatura. Além de ser também um exemplo para todos que pretendem fazer literatura neste país.
No ponto de vista do leitor contemporâneo, Alencar deixa de ser um grande romancista por dar uma ênfase maior a construção de suas mulheres; porém ele está apenas situando em um contexto histórico cujas motivações ideológicas não chocam nem o contrariam, até porque fazem parte do seu modo de ser e escrever. Iracema, por exemplo, aparece a absoluta e dominadora da situação, entretanto, curva-se à vontade de seu “esposo”, curva-se a ele pela mais nobre razão: o amor. Já quê o escritor utiliza uma espécie de antropofagia amorosa permitida, visualizada por meio de uma cultura primitiva que se deixa devorar e, conscientemente, se anular, em nome de um equilíbrio necessário e estabelecido para quando se deseja formar uma nova nação.