iolio
596 palavras
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Manuel Antônio de Almeida (1830-1861) formou-se em Medicina em 1855, mas nunca exerceu a profissão, e durante a faculdade, com dificuldades financeiras, foi trabalhar como jornalista. Escreveu para o teatro, fez poesia, além de publicar sua tese de doutoramento em Medicina e um libreto de ópera, mas sua única e mais famosa obra, que ficou para história da literatura brasileira, é o romance Memórias de um sargento de milícias.Foi publicado, inicialmente, como folhetim, na seção “Pacotilha” do jornal Correio Mercantil, entre 27 de julho de 1852 e 31 de julho de 1853, começou num período de campanha eleitoral. Havia dois partidos, o dos conservadores, que estavam no poder, e dos liberais, na oposição; o Correio Mercantil apoiava os liberais. Apesar de não haver nenhum conteúdo diretamente partidário, havia críticas disfarçadas ao governo conservador. Manuel Antônio de Almeida dizia que “nossa literatura é filha da política”. Além dessa característica, a obra também ajudou a fixar uma imagem descontraída e insinuante da sociedade brasileira.
Depois desses folhetins do jornal, Memórias de um sargento de milícias saiu em livro, dois pequenos volumes, um no final de 1854 e o outro no começo de 1855. No jornal, não era apresentada nenhuma autoria, nesses dois volumes a autoria era de “Um brasileiro”, e o livro somente foi atribuído a Manuel Antônio de Almeida numa edição de 1863, publicada após sua morte, por iniciativa de Quintino Bocaiúva. Para não ficar só com a lembrança da minha leitura dos tempos de escola, fui reler o livro. Peguei uma edição da Ateliê Editorial, com apresentação e notas de Mamede Mustafa Jarouche, que tratou dessa obra em sua tese de doutoramento.
Como todos devem saber, a história se passa no Rio de Janeiro e enfoca o tempo em que D. João VI permaneceu no Brasil (1808 a 1821). Narradas em terceira pessoa, as memórias são de Leonardo, o personagem central, que ainda criança já tinha “maus bofes”, e não haveria de “ter bom fim”.